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UNIPED - UNIVERSO PEDAGÓGICO

O que é Psicopedagogia?

Qual a função do Psicopedagogo?

Diagnóstico Psicopedagógico

sábado, 23 de agosto de 2008

CUIDADO, A CRIANÇA IMITA OS ADULTOS !!!

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ATOR DE HARRY POTTER REVELA QUE SOFRE DE UM DISTÚRBIO CEREBRAL


DANIEL RADCLIFFE TEM COORDENAÇÃO MOTORA E APRENDIZADO AFETADOS

Daniel Radcliffe sofre de doença que afeta coordenação motora.
O astro de “Harry Potter”, Daniel Hadcliffe, revelou em entrevista ao “Daily Tegraph” que sofre de dispraxia, um distúrbio cerebral que atinge a parte intelectual, física e de linguagem. Mas no caso do ator, a doença afeta levemente a coordenação motora e o processo de aprendizagem. Segundo a assessoria de Radcliffe, nas piores manifestações da dispraxia, ele não consegue amarrar os sapatos ou escrever direito. Radcliffe diz que a doença o estimulou a se tornar ator, principalmente, porque não conseguia ser um bom aluno. “Eu tive uma fase dura na escola, a ponto de errar tudo, de não ter talento”, lembra. Uma vez sua mãe permitiu que ele fizesse um teste para a versão de “David Copperfield” na BBC, apenas como estímulo para aumentar a confiança do filho. Ele foi aprovado no teste e logo depois, Radcliffe foi escalado para fazer Harry Potter. Nos dois últimos filmes da série, ele ganhou cerca de US$ 50 milhões. O neurologista Davi Younger, da “New York University Medical School”, especialista em dispraxia, se diz surpreso com a revelação da doença do ator. “Sou um grande fã de Harry Potter e estou surpreso por saber que Radcliffe tem dixpraxia. É claro que ele tem uma forma leve da doença, mas o fato de não apresentar sinais é uma dádiva. Por ter desenvolvido a habilidade de atuar, ele se torna um modelo para outras pessoas nessas condições, " comentou.

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domingo, 3 de agosto de 2008

HENRI WALLON



BIOGRAFIA

Nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explícita a aproximação com a educação. Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior, cursou também medicina, formando-se em 1908.Viveu num período marcado por instabilidade social e turbulência política. As duas guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), o avanço do fascismo no período entre guerras, as revoluções socialistas e as guerras para libertação das colônias na África atingiram boa parte da Europa e, em especial, a França.Em 1914 atuou como médico do exército francês, permanecendo vários meses no front de combate. O contato com lesões cerebrais de ex-combatentes fez com que revisse posições neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com crianças deficientes.Até 1931 atuou como médico de instituições psiquiátricas.Paralelamente à atuação de médico e psiquiatra consolida-se seu interesse pela psicologia da criança.Na 2a guerra atuou na Resistência Francesa contra os alemães, foi perseguido pela Gestapo, teve que viver na clandestinidade.De 1920 a 1937, é o encarregado de conferências sobre a psicologia da criança na Sorbonne e outras instituições de ensino superior.Em 1925 funda um laboratório destinado à pesquisa e ao atendimento de crianças ditas deficientes.Ainda em 1925 publica sua tese de doutorado “A Criança Turbulenta”. Inicia um período de intensa produção com todos os livros voltados para a psicologia da criança. O último livro “Origens do pensamento na criança’, em 1945.Em 1931 viaja para Moscou e é convidado para integrar o Círculo da Rússia Nova, grupo formado por intelectuais que se reuniam com o objetivo de aprofundar o estudo do materialismo dialético e de examinar as possibilidades oferecidas por este referencial aos vários campos da ciência.Neste grupo o marxismo que se discutia não era o sistema de governo, mas a corrente filosófica.Em 1942, filiou-se ao Partido Comunista, do qual já era simpatizante. Manteve ligação com o partido até o final da vida.Em 1948 cria a revista ‘Enfance”. Neste periódico, que ainda hoje tenta seguir a linha editorial inicial, as publicações servem como instrumento de pesquisa para os pesquisadores em psicologia e fonte de informação para os educadores.Faleceu em 1962.


A ABORDAGEM DE HENRI WALLON

A gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social, ou seja, "o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar" (Dantas, 1992). Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon é centrada na psicogênese da pessoa completa.Henri Wallon reconstruiu o seu modelo de análise ao pensar no desenvolvimento humano, estudando-o a partir do desenvolvimento psíquico da criança. Assim, o desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradições e conflitos, resultado da maturação e das condições ambientais, provocando alterações qualitativas no seu comportamento em geral.Wallon realiza um estudo que é centrado na criança contextualizada, onde o ritmo no qual se sucedem as etapas do desenvolvimento é descontínuo, marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas, provocando em cada etapa profundas mudanças nas anteriores.Nesse sentido, a passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente, por ampliação, mas por reformulação, instalando-se no momento da passagem de uma etapa a outra, crises que afetam a conduta da criança.Conflitos se instalam nesse processo e são de origem exógena quando resultantes dos desencontros entre as ações da criança e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura e endógenos e quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa (Galvão, 1995). Esses conflitos são propulsores do desenvolvimento.Os cinco estágios de desenvolvimento do ser humano apresentados por Galvão (1995) sucedem-se em fases com predominância afetiva e cognitiva:

Impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico;

Sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos. A aquisição da marcha e da prensão, dão à criança maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. Também, nesse estágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental "projeta-se" em atos motores. Como diz Dantas (1992), para Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor;

Personalismo, ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;

Categorial. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior;

Predominância funcional. Ocorre nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona.

Na sucessão de estágios há uma alternância entre as formas de atividades e de interesses da criança, denominada de "alternância funcional", onde cada fase predominante (de dominância, afetividade, cognição), incorpora as conquistas realizadas pela outra fase, construindo-se reciprocamente, num permanente processo de integração e diferenciação.
Wallon enfatiza o papel da emoção no desenvolvimento humano, pois, todo o contato que a criança estabelece com as pessoas que cuidam dela desde o nascimento, são feito de emoções e não apenas cognições.
Baseou suas idéias em quatro elementos básicos que estão todo o tempo em comunicação: afetividade, emoções, movimento e formação do eu.

AFETIVIDADE- possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoa pois é por meio delas que o ser humano demonstra seus desejos e vontades. As transformações fisiológicas de uma criança (nas palavras de Wallon, em seu sistema neurovegetativo) revelam importantes traços de caráter e personalidade.
EMOÇÕES- é altamente orgânica, ajuda o ser humano a se conhecer. A raiva, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos possuem uma função de grande relevância no relacionamento da criança com o meio.

MOVIMENTO- as emoções da organização dos espaços para se movimentarem. Deste modo, a motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento, quanto pela maneira com que ele é representado. A escola ao insistir em manter a criança imobilizada acaba por limitar o fluir de fatores necessários e importantes para o desenvolvimento completo da pessoa.

FORMAÇÃO DO EU- a construção do eu depende essencialmente do outro. Com maior ênfase a partir de quando a criança começa a vivenciar a "crise de oposição", na qual a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si própria. Isso acontece mais ou menos em torno dos 3 anos, quando é a hora de saber que "eu" sou. Imitação, manipulação e sedução em relação ao outro são características comuns nesta fase.
Wallon, deixou-nos uma nova concepção da motricidade, da emotividade, da inteligência humana e, sobretudo, uma maneira original de pensar a Psicologia infantil e reformular os seus problemas.

PSICOGÊNESE DA PESSOA COMPLETA

Wallon procura explicar os fundamentos da psicologia como ciência, seus aspectos epistemológicos, objetivos e metodológicos.Admite o organismo como condição primeira do pensamento, pois toda a função psíquica supõe um componente orgânico. No entanto, considera que não é condição suficiente, pois o objeto de ação mental vem do ambiente no qual o sujeito está inserido, ou seja, de fora. Considera que o homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às disposições internas e às situações exteriores.
PSICOLOGIA GENÉTICA

A psicologia genética estuda os processos psíquicos em sua origem, parte da análise dos processos primeiros e mais simples, pelos quais cronologicamente passa o sujeito. Para Wallon essa é a única forma de não dissolver em elementos separados e abstratos a totalidade da vida psíquica.Wallon propõe a psicogênese da pessoa completa, ou seja, o estudo integrado do desenvolvimento. Considera que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e vê o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo). Para ele o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio. Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação do fatores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia, antropologia, psicologia animal).Para ele a atividade do homem é inconcebível sem o meio social; porém as sociedades não poderiam existir sem indivíduos que possuam aptidões como a da linguagem que pressupõe uma conformação determinada do cérebro, haja vista que certas perturbações de sua integridade, privam o indivíduo da palavra. Vemos então que para ele não é possível dissociar o biológico do social no homem. Esta é uma das características básicas da sua Teoria do Desenvolvimento.De acordo com Dantas (1992) Wallon concebe o homem como sendo genética e organicamente social e a sua existência se realiza entre as exigências da sociedade e as do organismo.
Pedagogicamente a reflexão a partir de tais concepções exige uma prática que atenda as necessidades das crianças nos planos afetivo, cognitivo e motor, além de promover o seu desenvolvimento em todos os níveis.
O maior objetivo da educação no contexto de sua psicologia genética estaria posto no desenvolvimento da pessoa e não em seu desenvolvimento intelectual. A inteligência é uma parte do todo em que a pessoa se constitui.

MANTEVE INTERLOCUÇÃO COM AS TEORIAS DE PIAGET E FREUD

Destacava na teoria de Piaget as contradições e dessemelhanças entre as suas teorias, pois considerava esse o melhor procedimento quando se busca o conhecimento. Por parte de Piaget existia uma constante disposição em buscar a continuidade e complementariedade de suas obras. Os dois se propunham a análise genética dos processos psíquicos, no entanto, Wallon pretendia a gênese da pessoa e Piaget a gênese da inteligência.Com a psicanálise de Freud mantém uma atitude de interesse e ao mesmo tempo de reserva. Embora com formação similar (neurologia e medicina) a prática de atuação os levou a caminhos distintos. Freud abandonando a neurologia para dedicar-se a terapia das neuroses e Wallon mantém-se ligado a esta devido ao seu trabalho com crianças com distúrbios de comportamento.O método adotado por Wallon é o da observação pura. Considera que esta metodologia permite conhecer a criança em seu contexto, “só podemos entender as atitudes da criança se entendermos a trama do ambiente no qual está inserida”.
Bibliografia:
Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Isabel Galvão. Ed. Vozes, 1995.
A importância do Movimento no desenvolvimento psicológico da criança in Psicologia e educação da infância – antologia. Henri Wallon. Ed. Estampa.
DANTAS, Heloysa. A infância da razão. Uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo, Manole, 1990
GALVÃO, Izabel. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. In: Cadernos Idéias, construtivismo em revista. São Paulo, F.D.E., 1993.
WALLON, Henri. Psicologia. Maria José Soraia Weber e Jaqueline Nadel Brulfert (org.). São Paulo, Ática, 1986.
Artigo retirado do Centro de Referência Eduacacional
Consultoria e Assessoria em Educação

Vera Lúcia Camara Zacharias é mestre em Educação, Pedagoga, consultora educacional, assessora diversas instituições, profere palestras e cursos, criou e é diretora do CRE
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RESPEITO É FUNDAMENTAL

Use o pôster e promova exercícios de vivência para mostrar como superar muitos preconceitos

Orlando

No mundo não existem seres vivos iguais
Nem os que são da mesma espécie! Uma flor não é igual a outra...

... cada um tem seu jeito

Cerca de 10% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, seja ela física, mental ou sensorial. Muitas pessoas apresentam necessidades especiais de aprendizagem, o que está longe de ser um impeditivo para a vida. Todas elas vão desenvolver habilidades e dar sua contribuição social sempre que tiverem oportunidade de conviver com não-deficientes.
Infelizmente, é comum os portadores de necessidades especiais serem mal recebidos no grupo. Com o pôster que circula junto com esta edição de Nova Escola e com as sugestões a seguir, ajude seus alunos a vencer preconceitos e substituir sentimentos como medo, pena, raiva ou repulsa, por empatia, solidariedade e respeito. As atividades foram elaboradas com base nas orientações da Sorri-Brasil, federação de entidades não-governamentais que promove a integração social de pessoas portadoras de deficiência.


ATIVIDADES

Comece a aula perguntando aos alunos se eles conhecem dois seres vivos iguais. Use as figuras dos quadrinhos abaixo como exemplo de que não apenas nós humanos somos muito particulares. Se alguém responder que existem gêmeos idênticos, questione as diferenças de temperamento que geralmente esses irmãos apresentam.
Incite um debate: como seria o mundo se todos fossem iguais, pensassem da mesma maneira, tivessem os mesmos gostos, desejos e sonhos, e agissem do mesmo modo? Mostre as vantagens de as pessoas serem diferentes, pois isso origina diversas contribuições para a sociedade.
Fixe o pôster na classe, em lugar visível. Pergunte se os estudantes conhecem algum portador de deficiência. Peça que eles contem quem são essas pessoas, como é o relacionamento com elas e que tipo de sentimentos elas despertam. Anote os comentários no quadro-negro.
A seguir, proponha exercícios de vivência emocional. Divida a classe em pares. Cada dupla deve optar por um tipo de deficiência (motora, visual, auditiva, mental ou múltipla). Os alunos devem passar alguns minutos como um portador de deficiência, alternando os papéis de deficiente e acompanhante. Algumas sugestões:

1. Deficiência visual: explorar a sala de aula ou outro ambiente da escola de olhos vendados, com a ajuda do colega.
2. Deficiência auditiva: assistir a um programa de televisão sem som. O que eles apreendem observando só as imagens?

3. Deficiência na fala: tentar passar, através de mímica, uma mensagem para o colega.

4. Deficiência motora: deve ser abordada em brincadeiras como corrida do saco ou corrida do ovo na colher, nas quais ora o aluno estará com as pernas, ora com os braços imobilizados.
5. Deficiência múltipla: associar dois ou mais tipos de deficiências.
Com a classe novamente reunida, pergunte aos alunos como eles se sentiram ao ficar com um dos membros ou sentidos sem função. Como o colega ajudou ou atrapalhou? Questione a turma se houve alguma mudança em relação aos sentimentos citados no início da discussão e, principalmente, o que aprenderam com a experiência.
Solicite uma pesquisa em revistas, jornais e na internet sobre pessoas que nasceram com deficiência ou que a tenham adquirido depois de um acidente. Como elas desenvolvem suas atividades e superam as dificuldades? Exemplos: o locutor Osmar Santos e os atores Christopher Reeve, Gerson Brenner e Flávio Silvino, além de atletas da para-Olimpíada.
Com essas conclusões em mãos, peça que os alunos façam uma redação sobre o tema "Todos têm o direito de ser diferentes".

Artigo retirado da Revista Nova Escola
da edição 134 - ago/2000
Paola Gentile
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VYGOTSKY


VYGOTSKY - O TEÓRICO SOCIAL DA INTELIGÊNCIA

A obra do psicólogo russo que ressaltou o papel da sociedade no processo de aprendizado ganha destaque com as comemorações do centenário de seu nascimento e a expansão do socioconstrutivismo.

No interior da Rússia pós- revolucionária, nos anos 20, um professor de ginásio que amava as artes se fazia uma pergunta fundamental: como o homem cria cultura? Dono de uma inteligência brilhante, ele buscou a resposta na Psicologia e acabou por elaborar uma teoria do desenvolvimento intelectual, sustentando que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas. O nome do professor era Lev Vygotsky e sua obra é hoje a fonte de inspiração do sócioconstrutivismo, uma tendência cada vez mais presente no debate educacional. A repercussão que o pensamento de Vygotsky vem obtendo possui a força de uma redescoberta. Nascido há um século, morreu em 1934, aos 37 anos. Sua obra enfrentou décadas de silêncio imposto pelo regime stalinista. Apenas em meados dos anos 60 seus livros chegaram ao Ocidente. Só então o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), lamentando que os dois não tivessem se conhecido, leu e comentou os elogios e as críticas que Vygotsky lhe fizera em 1932.
Natureza social
No Brasil, Vygotsky é estudado há pouco mais de uma década. Segundo a pedagoga Maria Teresa Freitas, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que pesquisou a difusão do trabalho dele por aqui, suas idéias chegaram no fim dos anos 70, trazidas por estudiosos que as conheceram no exterior. Mas sua obra só começou a ser divulgada, de fato, nos anos 80, ao mesmo tempo em que a linha educacional construtivista se expandia, impulsionada pela psicóloga argentina Emilia Ferreiro, discípula de Piaget. Embora não tenha elaborado uma pedagogia, Vygotsky deixou idéias sugestivas para a educação. Atento à "natureza social" do ser humano, que desde o berço vive rodeado por seus pares em um ambiente impregnado pela cultura, defendeu que o próprio desenvolvimento da inteligência é produto dessa convivência. Para ele, "na ausência do outro, o homem não se constrói homem".
Conhecimento e sempre intermediado
Para Vygotsky, a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem de ser biológico em ser humano. É pela APRENDIZAGEM nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental. Segundo o psicólogo, a criança nasce dotada apenas de FUNÇÕES PSICOLÓGICAS ELEMENTARES, como os reflexos e a atenção involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. Com o aprendizado cultural, no entanto, parte dessas funções básicas transforma-se em FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES, como a consciência, o planejamento e a deliberação, características exclusivas do homem. Essa evolução acontece pela elaboração das informações recebidas do meio. Com um detalhe importantíssimo, ressaltado pela psicóloga Cláudia Davis, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP): "As informações nunca são absorvidas diretamente do meio. São sempre intermediadas, explícita ou implicitamente, pelas pessoas que rodeiam a criança, carregando significados sociais e históricos". Isso não significa que o indivíduo seja como um espelho, apenas refletindo o que aprende. "As informações intermediadas são reelaboradas numa espécie de linguagem interna", explica o pedagogo João Carlos Martins, diretor pedagógico do Colégio São Domingos, de São Paulo. "É isso que caracterizará a individualidade". Por isso a linguagem é duplamente importante para Vygotsky. Além de ser o principal instrumento de intermediação do conhecimento entre os seres humanos, ela tem relação direta com o próprio desenvolvimento psicológico. Maria Teresa Freitas resume: "Nenhum conhecimento é construído pela pessoa sozinha, mas sim em parceria com as outras, que são os mediadores".
Aprendizado é contínuo
Segundo Vygotsky, a evolução intelectual é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de conhecimento para outro. A fim de explicar esse processo, ele desenvolveu o conceito de ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, que definiu como a "distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes". Trocando em miúdos, Cláudia Davis diz: "A zona proximal é a que separa a pessoa de um desenvolvimento que está próximo, mas ainda não foi alcançado'.


DESENVOLVIMENTO REAL É determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um conhecimento consolidado. Se domina a adição, por exemplo, esse é um nível de desenvolvimento real.


ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL É a distância entre o desenvolvimento real e o potencial, que está próximo mas ainda não foi atingido.


O MEDIADOR É quem ajuda a criança concretizar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. Na escola, o professor e os colegas mais experientes são os principais mediadores
DESENVOLVIMENTO POTENCIAL É determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar.


POR QUE O NOME SOCIOCONSTRUTIVISMO?

Esse termo (ou, como preferem alguns especialistas, sóciointeracionismo) é usado para fazer distinção entre a corrente teórica de Vygotsky e o construtivismo Jean Piaget. Segundo Maria, ambos são construtivistas em suas concepções do desenvolvimento intelectual. Ou seja, sustentam que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio. Os dois se opõem tanto à teoria empirista (para a qual a evolução da inteligência é produto apenas da ação do meio sobre o indivíduo) quanto à concepção racionalista (que parte do princípio de que já nascemos com a inteligência pré-formada). Para o ser humano, segundo Vygotsky, o meio é sempre revestido de significados culturais.
Por exemplo, o objeto armário (meio) não tem sentido em si. Só tem o sentido cultural) que lhe damos, como será útil ou inútil, valioso ou não, rústico ou sofisticado e assim por diante. E os significados culturais só são aprendidos com a participação dos mediadores. O fator cultural, básico para Vygotsky, e pouco enfatizado por Piaget, é a diferença central entre os dois teóricos construtivistas. Ambos divergem também quanto à seqüência dos processos de APRENIDIZAGEM e de DESENVOLVIMENTO MENTAL. Para Vygotsky, é o primeiro que gera o segundo. Em suas palavras, "o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis". Piaget, ao contrário, defende que é o desenvolvimento progressivo das estruturas intelectuais que nos torna capazes de aprender (fases pré-operatóra ou lógico-formal).
A escola é inútil se fica só no que a criança sabe
Além do fato de ser professor, a preocupação de Vygotsky com a educação tinha também motivos políticos, pois era um de seus compromissos revolucionários. "Ele queria acelerar, pela educação, o desenvolvimento da Rússia, então atrasada e iletrada!", comenta Cláudia Davis. Coerentemente, sua teoria explica a evolução intelectual como um processo constante que pode ser impulsionado também com à ajuda externa.
"Nessa perspectiva, a educação não fica à espera do desenvolvimento intelectual da criança", diz João Carlos. "Ao contrário, sua função é levar o aluno adiante, pois quanto mais ele aprende, mais se desenvolve mentalmente. "Segundo Vygotsky, essa demanda por desenvolvimento é característica das crianças. Se elas próprias fazem da brincadeira um exercício de ser o que ainda não são, a escola que se limita ao que elas já sabem é inútil. Priorizando as interações entre os próprios alunos e deles com o professor, o objetivo da escola, então, é fazer com que os CONCEITOS ESPONTÂNEOS, que as crianças desenvolvem na convivência social, evoluam para o nível dos CONCEITOS CIENTÍRICOS. "Nesse sentido, o educador assume o papel de mediador privilegiado na formação do conhecimento", explica Cláudia.
Artigo retirado da Revista Nova Escola
da edição 139 - jan/2001
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sábado, 2 de agosto de 2008

JEAN PIAGET

























A LÓGICA PRÓPRIA DA CRIANÇA COMO BASE DO ENSINO

O impacto talvez mais forte recebido pela escola básica neste século não partiu de um educador. Foi obra de um psicólogo, o suíço Jean Piaget. O centenário de seu nascimento é celebrado este ano com vários eventos científicos mundo afora. Piaget dedicou a vida a estudar as engrenagens da inteligência, do nascimento à maturidade do ser humano. Decifrou sucessivos degraus na evolução do raciocínio. Não empregou as descobertas para propor novos métodos de ensino, mas batalhou pela educação em organismos internacionais e não fugiu de tomar partido em disputas pedagógicas. Suas pesquisas tiveram efeitos profundos no progresso da educação. Já nos anos 20, deram aval teórico a pedagogos inovadores, entre eles o francês Célestin Freinet. Hoje, sua obra continua viva. É a matriz do construtivismo, linha educativa em rápida expansão no Brasil.


UM GÊNIO SUÍÇO ENTRA NA NOSSA ESCOLA

Jean Piaget foi um daqueles meninos que os professores de hoje identificariam como um superdotado. Ou que os colegas de classe chamariam de CDF. Precoce, com apenas 10 anos publicou em Neuchâtel, sua cidade natal, na Suíça, um artigo com estudos sobre um pardal branco. Aos 22, já era doutor em Biologia. Intelectualmente insaciável, escreveria cerca de setenta livros e 300 artigos sobre Psicologia, Pedagogia e Filosofia. O próprio lar de Piaget foi uma espécie de extensão da universidade. Casou-se com uma assistente e desvendou muitos dos enigmas da inteligência infantil dentro de casa, observando os próprios filhos. Concluiu que a criança tem uma forma própria e ativa de raciocinar e de aprender, que evolui, por estágios, até a maturidade intelectual. Não é um adulto em miniatura. Seus erros apenas caracterizam essa forma particular de pensar.
A celebridade de Piaget e sua importância para a educação vêm exatamente desses estudos. Já nos anos 20, pedagogias inovadoras encontraram em sua obra a sustentação científica que lhes faltava. "Destacando o papel ativo da criança no aprendizado, seus trabalhos deram base aos educadores da Escola Nova", explica Lino de Macedo, especialista piagetiano da Universidade de São Paulo (USP). A Escola Nova era um movimento de educadores europeus e norte-americanos que contestava a passividade a que a criança estava condenada pela escola tradicional. "Piaget defendeu principalmente a Escola Ativa", comenta o psicólogo Mário Sérgio Vasconcelos, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). A Escola Ativa era uma corrente da Escola Nova à qual se alinhava, por exemplo, o pedagogo Célestin Freinet. "Foi só em 1936", diz Mário Sérgio, "que Piaget chegou ao meio educacional brasileiro, com o texto O Trabalho por Equipes nas Escolas: Bases Psicológicas, traduzido pelo professor paulista Luiz Fleury."
Foi preciso quase meio século, contudo, para que sua influência se fizesse sentir mais amplamente no ensino básico brasileiro - e de maneira nem sempre percebida com clareza. É que as idéias de Piaget vêm entrando nas nossas escolas sob o nome de construtivismo. E muita gente associa o termo apenas à psicóloga argentina Emilia Ferreiro, a grande divulgadora dessa linha educacional no Brasil desde o início dos anos 8O. Acontece que Emília é Piaget puro. Por isso, falar em construtivismo é falar principalmente em Piaget.
"Um aluno trouxe um pedaço de outdoor enorme e me perguntou o que estava escrito ali. Estava escrito aluga-se" Maria Bezerra, diretora da Escola Municipal Coronel Hélio Chaves e professora da rede estadual, em São Paulo, conta sua experiência piagetiana.

EU E PIAGET

"Leciono há 17 anos. Em 1983, tive um aluno repetente que trazia jornais velhos para saber o que estava escrito. Eu dizia: 'Você nem sabe o ma-me-mi-mo-um, como quer saber o que está escrito aí?' Até que ele trouxe um pedaço de outdoor enorme e perguntou. 'Professora, o que está escrito aqui?' Era 'aluga-se'. Conversando com o aluno, ele contou o seguinte: 'Eu moro num barraco de caixote, todo escrito. Quero ler tudo, mas lá não tem ma-me-mi-mo-um nem nada do que a senhora ensina'. Naquela hora decidi deixar a cartilha e comecei a experimentar. Fiz cursos com Emilia Ferreiro e voltei à faculdade, onde estudei Piaget. Então, estabeleço uma relação próxima entre eles. Entender as formas de raciocínio das crianças, segundo Piaget, ajudou-me também a trabalhar com as outras disciplinas."


AFINAL, O QUE É CONSTRUTIVISMO?
Das alturas da pesquisa teórica para a sala de aula Construtivismo não é apenas o termo pelo qual é conhecida a linha pedagógica que mais vem ganhando adeptos entre os professores de primeiro grau. Possui outro significado, mais antigo e mais amplo, que ultrapassa as fronteiras do universo escolar. É, sobretudo, o nome de uma das três grandes correntes teóricas empenhadas em explicar como a inteligência humana se desenvolve. As outras duas são o empirismo e o racionalismo. Por ser o nome do sistema ao qual se filia Piaget, a palavra construtivismo passou a designar também a linha pedagógica inspirada em sua obra. Essas três escolas divergem quanto à relação entre meio ambiente e inteligência. "As teorias empiristas e racionalistas são chamadas de reducionistas porque reduzem o desenvolvimento intelectual só à ação do indivíduo ou só à força do meio", explica Mércia Moreira, professora de Psicologia Educacional da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Belo Horizonte. Já o construtivismo atribui um papel ativo ao indivíduo, sob a influência do meio. "É a pessoa que constrói o seu própria conhecimento", completa o psicólogo Fernando Becker, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Além de Piaget, outros estudiosos importantes para a educação, como o russo Lev Vygotsky (1896-1934) e o francês Henry Wallon (1879-1962), também são considerados construtivistas.

EMPIRISMO

Concepção teórica que parte do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelo meio ambiente e não pelo sujeito. Portanto, de fora para dentro. A idéia é que o ser humano não nasce inteligente, mas é passivamente submetido às forças do meio, que provocam suas reações. As reações satisfatórias são incorporadas e as insatisfatórias tendem a ser eliminadas. Assim, o desenvolvimento intelectual pode ser totalmente modelado de fora, pois a força que o determina se encontra nos estímulos externos e não no indivíduo.

RACIONALISMO

Concepção teórica que parte do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelo indivíduo e não pelo meio. Portanto, de dentro para fora. A idéia é que o ser humano já nasce com a inteligência pré-moldada. A lógica, por exemplo, seria uma capacidade inata do homem. À medida que o ser humano amadurece, ele vai reorganizando sua inteligência pelas percepções que tem da realidade. Essas percepções dependem de capacidades que são inerentes ao indivíduo e não dos estímulos externos.

CONSTRUTIVISMO

Concepção teórica que parte do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entro o indivíduo e o meio. A idéia é que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do meio. Ao contrário, responde aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu próprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada
Sua teoria, chamada Epistemologia Genética ou Teoria Psicogenética, é a mais conhecida concepção construtivista da formação da inteligência. Ele explicou detalhadamente como, desde o nascimento, o indivíduo constrói o conhecimento.


EMÍLIA FERREIRO
A psicóloga argentina, que vive no México, foi aluna de Piaget e usou sua teoria para pesquisar especificamente como a criança constrói seu aprendizado da escrita e da leitura. No Brasil, é o nome mais ligado ao ensino construtivista.


JEAN PIAGET

COMO A INTELIGÊNCIA SE DESENVOLVE

Para o biólogo que Piaget nunca deixou de ser, "vida é, em essência, auto-regulação". Ele incluía aí vida mental, pois achava que é para manter um equilíbrio dinâmico com o meio ambiente que desenvolvemos a inteligência. Quando o equilíbrio se rompe, o indivíduo age sobre o que o afetou (seja um som, uma imagem ou uma informação) buscando se reequilibrar. "Para Piaget, isso é feito por ADAPTAÇÃO e por ORGANIZAÇÃO", explica Maria Tereza Coutinho, professora de Psicologia da Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. A ADAPTAÇÃO tem duas formas básicas: a ASSIMILAÇÃO e a ACOMODAÇÃO. Na ASSIMILAÇÃO, o indivíduo usa as estruturas psíquicas que já possui. Se elas não são suficientes, é preciso construir novas estruturas. Isso é ACOMODAÇÃO. Piaget diz que "na assimilação e na acomodação se pode reconhecer a correspondência prática daquilo que serão mais tarde a dedução e a experiência: a atividade da mente e a pressão da realidade". Já a ORGANIZAÇÃO articula esses processos com as estruturas existentes e reorganiza todo o conjunto. Assim, o indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio. Mas essas construções seguem um padrão, em idades mais ou menos determinadas. São os estágios, que se dividem em vários subestágios, com formas específicas de inteligência.

ESTÁGIOS DESCREVEM EVOLUÇÃO DO RACIOCÍNIO.
Veja algumas características e exemplos das principais etapas, segundo Piaget:

Sensório-motor (0 a 2 anos) A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo, por exemplo, são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.

Pré-operatório (2 a 7 anos) A criança se torna capaz de representar mentalmente pessoas e situações. Já pode agir por simulação, "como se". Sua percepção é global, sem discriminar detalhes. Deixa-se levar pela aparência, sem relacionar aspectos. É centrada em si mesma, pois não consegue colocar-se, abstratamente, no lugar do outro.

Operatório-concreto (7 a 11 anos) Nessa fase, a criança já é capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve também a capacidade de refazer um trajeto mental, voltando ao ponto inicial de uma situação.

Lógico-formal (12 anos em diante) A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais à representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente.


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Trocar a prática tradicional por uma linha de ensino construtivista não é uma tarefa simples para o professor. "Exige flexibilidade e disposição", diz Maria Anita Martins, diretora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. "O professor perde o controle absoluto, de quem sabe tudo, para se tornar um pesquisador em ação dentro da sala de aula". Também não existe um método. "A prática construtivista não é um caminho já pronto mas está em permanente construção", explica Maria Anita. Estudo e crítica são fundamentais, pois o desconhecimento pode levar a simplificações graves. Um exemplo: "Entender que a criança constrói seu próprio conhecimento não torna o professor dispensável", alerta a diretora. Ao contrário. "Ele deve ter pleno domínio de sua disciplina para transformá-la, continuamente, em um saber didaticamente compreensível para a criança", completa Maria Luíza Andreozzi da Costa, professora de Psicologia da Educação da PUC. Outro exemplo: "Ver o erro como parte do processo de aprendizagem não libera o professor de estar sempre apresentando os modelos certos", diz Maria Anita.
"O mais importante foi descobrir que a criança pensa de uma forma própria e tem pontos de vista diferentes dos de um adulto" Maria Antonieta Pacini, professora na Escola Municipal Martim Fracisco de Andrada, em São Paulo, conta sua descoberta do cosntrutivismo.


EU E EMÍLIA
"Leciono desde 1967 e alfabetizo desde 1984. A cartilha era a minha muleta. Em 1990, uma colega dispensou-a e achei os trabalhos dos alunos dela uma beleza. Aí decidi experimentar também, mas de forma irregular, porque estava confusa. Em 1991, fiz um curso da prefeitura sobre Emilia Ferreiro e só então dispensei a cartilha. Sei que ela se baseou na teoria de Piaget, mas quando falo em construtivismo penso primeiro nela. O mais importante foi descobrir que a criança pensa de uma forma própria e tem pontos de vista diferentes dos do adulto. Agora, começamos a trabalhar o nome do aluno e vamos definindo temas para atividades, a partir das quais a turma seleciona o vocabulário. Em relação à cartilha, a maior diferença é que os estudantes deixam de ser quadradinhos, não escrevendo só o já aprendido."
Dicas do mestre para professores Piaget sempre bateu duro na escola tradicional e defendeu práticas baseadas em jogos, pesquisas e trabalhos em grupo. Veja o que ele escreveu:

MINIADULTOS "A educação tradicional sempre tratou a criança como um pequeno adulto, um ser que raciocina e pensa como nós, mas desprovido simplesmente de conhecimentos e de experiência. Sendo a criança, assim, apenas um adulto ignorante, a tarefa do educador não era tanto a de formar o pensamento, mas sim de equipá-lo."

O REI DA CLASSE "A escola tradicional não conhece outro relacionamento social além daquele que liga um professor, espécie de soberano detentor da verdade intelectual e moral, a cada aluno considerado individualmente."

O BOM ENSINO "A escola ativa pressupõe, ao contrário, uma comunidade de trabalho, com alternância entre o trabalho individual e o trabalho em grupo."

O ALUNO ATIVO "O professor deve conferir especial relevo à pesquisa espontânea da criança ou do adolescente. Toda verdade a ser adquirida deve ser reinventada pelo aluno, ou pelo menos reconstruída, e não simplesmente transmitida."

MESTRE-COMPANHEIRO "O que se deseja é que o professor deixe de ser apenas um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço, ao invés de se contentar com a transmissão de soluções já prontas."

TIRANIA INTELECTUAL "Na realidade, a educação constitui um todo indissociável. Não se pode formar personalidades autônomas no domínio moral se o indivíduo é submetido a um constrangimento intelectual de tal ordem que tenha de se limitar a aprender por imposição, sem descobrir por si mesmo a verdade: se é passivo intelectualmente, não conseguirá ser livre moralmente."

PAPEL INSUBSTITUÍVEL "É evidente que o educador continua indispensável, a título de animador, para criar situações e armar os dispositivos iniciais capazes de suscitar problemas úteis à criança. E para organizar, em seguida, contra-exemplos que levem à reflexão e obriguem ao controle das soluções apressadas."

HONRA AO MÉRITO "Vamos nos limitar, como exemplo do que pode ser feito com os modestos meios e sem nenhum incentivo particular por parte dos ministérios responsáveis, a lembrar a notável obra realizada pelo (educador francês) Célestin Freinet."

"Quando se respeitar a criança, terá fim essa escola em que professores reprovam alunos e saem tranqüilamente de férias" Reflexões do pedagogo Lauro de Oliveira Lima, fundador do Centro Experimental Jean Piaget, no Rio de Janeiro "Tomei conhecimento dos estudos de Piaget nos anos 50 e passei a me corresponder com ele. Acabei criando um sistema de ensino baseado em sua teoria chamado, em homenagem a ele, método Psicogenético. Em 1974, abri no Rio de Janeiro a Escola A Chave do Tamanho (Centro Experimental e Educacional Jean Piaget). Nela, as crianças não são divididas por séries tradicional. São agrupadas em doze estágios de amadurecimento intelectual, passando de um nível para outro segundo seu desempenho. Em Piaget, acho que o mais importante é a relação entre homem e meio. É aí que a Pedagogia pode interferir. Não na idéia do construtivismo, que é um processo interno. Essencial é respeitar a criança, para acabar com essa escola em que professores reprovam alunos e saem de férias."
Um pesquisador incansável e bem-humorado
Quando lhe perguntavam por que escrevia tanto, respondia: "É porque não tenho de ler Piaget"
Dos 10 aos 84 anos, ele pesquisou da Biologia à inteligência humana, sempre estudando, lecionando e escrevendo.
1896 Piaget nasce no dia 9 de agosto, na cidade suíça de Neuchâtel, filho de Arthur Piaget, professor de Literatura
1907 Com apenas 10 anos, publica na Sociedade dos Amigos da Natureza de Neuchâtel artigo sobre um pardal branco. Torna-se assessor do Museu de História Natural local
1915 Forma-se em Biologia pela Universidade de Neuchâtel. Desde o ginásio já está interessado em Filosofia e Psicologia
1918 Torna-se doutor com uma tese sobre moluscos e muda-se para Zurique para estudar Psicologia, principalmente psicanálise
1919 Muda-se para a França e ingressa na Universidade de Paris. É convidado a trabalhar com testes de inteligência infantil
1921 A convite do psicólogo da educação Edouard Claparède, um dos principais nomes da Escola Nova, passa a fazer suas pesquisas no Instituto Jean-Jacques Rousseau, em Genebra, destinado à formação de professores
1923 Lança o primeiro livro sobre suas pesquisas, A Linguagem e o Pensamento da Criança
1924 Casa-se com uma de suas assistentes, Valentine Châtenay, com quem teve três filhos: Jacqueline (1925) Lucienne (1927) e Laurent (1931)
1925 Começa a lecionar Psicologia, História da Ciência e Sociologia em Neu châtel
1929 Passa a ensinar História do Pensamento Científico, em Genebra, e assume o Gabinete Internacional de Educação, dedicado a estudos pedagógicos
Anos 30 Escreve vários trabalhos sobre as primeiras fases do desenvolvimento, muitos deles inspirados na observação de seus três filhos
1940 Com a morte de Claparède, torna-se seu sucessor como professor e diretor do Laboratório de Psicologia
1941 Publcia trabalhos sobre a formação dos conceitos matemáticos e físicos, com as pesquisadoras Bärbel Inhelder e Alina Szeminska
1946 Participa da elaboração da Constituição da Unesco, órgão das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Torna-se membro do conselho executivo e é várias vezes subdiretor geral, responsável pelo Departamento de Educação
1950 Publica Introdução à Epistemologia Genética, a primeira síntese de sua teoria do conhecimento
1952 É convidado a lecionar na Universidade Sorbonne, em Paris, sucedendo ao filósofo Merleau-Ponty
1955 Funda o Centro Intelectual de Epistemologia Genética, em Genebra, destinado a realizar pesquisas interdisciplinares sobre a formação da inteligência
1967 Escreve Biologia e Conhecimento, a principal obra da sua maturidade
1980 Morre em Genebra no dia 16 de setembro
Artigo retirado da Revista Nova Escola
da edição 139 - jan/2001 Josiane Lopes
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